segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Campos de Cima da Serra é uma das regiões gaúchas que será contemplada com recursos do BID


TURISMO Notícia da edição impressa de 14/01/2013
Regiões gaúchas devem receber recursos do BID
Governo do Estado busca US$ 27 milhões para desenvolver o chamado Corredor Turístico Grande Porto Alegre-Serra Gaúcha
Adriana Lampert


CRISTINE PIRES/ESPECIAL/JC
Campos de Cima da Serra é uma das áreas que serão contempladas
Campos de Cima da Serra é uma das áreas que serão contempladas
Entre o final deste ano e o início de 2014, quatro regiões que compõem o Corredor Turístico Grande Porto Alegre-Serra Gaúcha deverão ser contempladas com diversas ações oriundas de um investimento de US$ 45 milhões. Deste total, US$ 27 milhões poderão ser injetados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e outros US$ 18 milhões sairão dos cofres do governo gaúcho. Esta façanha só será possível graças à recomendação da Comissão de Financiamentos Externos, que aprovou recentemente a carta-consulta do Rio Grande do Sul para a obtenção do empréstimo internacional, por meio do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).

Segundo o secretário-adjunto da pasta estadual de Turismo, Márcio Cabral, para que o valor seja liberado pelo BID, ainda é necessário apresentar um Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (Pdits). O estudo deve começar em fevereiro e ser concluído até junho deste ano. “Já conseguimos a verba necessária (R$ 300 mil) junto ao Ministério do Turismo”, informa Cabral. Ele afirma que a notícia da aprovação (inédita) da carta-conjunta ao Estado “é um grande motivador”. “O Prodetur já é realidade em municípios do Nordeste ou Sudeste, que têm acionado recursos de financiamentos externos para desenvolver os destinos. Graças a este tipo de incentivo, o Nordeste deu um salto de qualidade no turismo internacional”, comenta o gestor da Secretaria Estadual de Turismo (Setur).

Cabral frisa que a região Sul “sempre teve dificuldades para acessar o programa, em grande parte por não o compreender como uma estratégia importante”, pois o mesmo exige contrapartidas financeiras para capacidade de execução de projetos. “O BID tem financiado em torno de dois projetos por ano na América Latina, então, a concorrência é grande”, comemora o secretário-adjunto da Setur. Ele frisa que, para o êxito das ações de divulgação do turismo e melhorias de infraestrutura que serão implementadas em 11 cidades do Corredor Turístico Grande Porto Alegre - Serra Gaúcha, será necessário articulação com outras secretarias como a de Planejamento, Obras e Infraestrutura e Fazenda. “Agora, há uma exigência maior por parte do Estado para atender aos critérios do financiamento.”

Procurada para dar mais detalhes da negociação com o Rio Grande do Sul, a assessoria de comunicação interna do BID informa que o banco não pode comentar “sobre projetos que ainda não iniciaram preparação.” Na Setur, a expectativa para dar continuidade no diálogo com o banco é grande. “Acreditamos que o programa (corredor turístico) tem impacto para os próximos 30 anos no Estado”, mensura Cabral. Ele explica que o principal objetivo é alavancar outros destinos, além das cidades consideradas indutoras de turismo nas quatro regiões. “Porto Alegre, Gramado, Canela e Bento Gonçalves já estão consolidadas. Queremos destinar projetos para destinos como os localizados nos Campos de Cima da Serra, onde o componente ambiental é característica predominante.”

E foi justamente o foco no turismo de contemplação da natureza que contou pontos para a obtenção da carta-consulta, uma vez que o Prodetur segue as premissas do desenvolvimento sustentável do setor. “O conceito do projeto é inovador, busca trazer para o Rio Grande do Sul algo que não existe no Brasil, que é a integração de regiões turísticas com prestação de serviços aos visitantes”, observa.

O “corredor” foi pensado a partir da RS-020, que liga Gravataí (Região Metropolitana) a Bom Jesus (Campos de Cima da Serra). Cabral sinaliza que a estrada turística “não é um projeto que se encerra em si”. Com a possibilidade de financiamento internacional, o Estado entra para um patamar superior e passa a ter mais “crédito” para tocar adiante outros projetos, enfatiza o gestor. “Uma série de ações paralelas irão andar graças a isso, como o anel viário de Gramado, a ampliação da sinalização viária turística de Caxias do Sul e a revitalização do Guaíba, em Porto Alegre.”

Destinos consolidados também comemoram a aprovação da carta-consulta

A aprovação da carta-consulta que possibilita a negociação do Rio Grande do Sul com o BID para financiamento que contemplará municípios com potencial turístico, mas que ainda não se desenvolveram como produtos nacionais ou internacionais, está sendo comemorada também por destinos consolidados, como Gramado. O projeto de obras do anel viário do município serrano vai depender de verbas do Prodetur para ser finalizado. De acordo com o secretário-adjunto de governança de Gramado, Germano Eduardo Becker, a cidade aguarda a entrega do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo (Pdits) – exigido pelo banco para liberação de recursos externos ao Estado – para poder dar continuidade a dois dos quatro quadrantes do projeto.

O primeiro quadrante foi executado em 2012. Foram 2,2 mil metros para interligar a RS-235, do bairro Casa Grande, até a RS-115, junto ao bairro Três Pinheiros. O trecho custou R$ 29 milhões e foi executado via convênio com o Ministério do Turismo (MTur), através do Prodetur, incluindo contrapartida da prefeitura. O segundo quadrante está em prospecção. Irá ligar a RS-115 do bairro Três Pinheiros até a RS-235, na divisa com Canela, em um trecho de aproximadamente 6 Km. Orçada em R$ 30 milhões, esta obra deve ser executada também com o apoio do MTur, porém, via recursos da pasta de Infraestrutura Turística do Ministério. “Se o governo do Estado conseguir concluir o Pdits e aprovar a obtenção de recursos junto ao BID, poderá viabilizar a execução dos outros quadrantes do município, o que irá fomentar ainda mais o turismo da região, pois vai desafogar o trânsito de Canela para Taquara, uma vez que, para isso, não se precisará mais passar pelo Centro de Gramado”, diz Becker.

Outra região beneficiada com o financiamento internacional será a dos Campos de Cima da Serra. “Lá é possível fazer turismo relacionado à contemplação da natureza, e o Corredor Turístico Grande Porto Alegre-Serra Gaúcha tem essa ideia, de conciliar lazer, aventura e turismo de negócios”, ressalta o secretário-adjunto da Setur, Márcio Cabral. “Temos o único cânion verde do mundo, isso é um componente de inovação que cria um diferencial para fomentarmos este destino.” Dos US$ 45 milhões previstos para serem aplicados no corredor turístico, o foco será em projetos de infraestrutura, gestão ambiental e estratégia de comercialização dos municípios contemplados.

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